segunda-feira, 12 de julho de 2010

Posicionamento social da mulher em uma retrospectiva histórica

Entre meio ao turbulento processo de posicionamento social, Alexandra Kollanti em a nova mulher e a moral sexual expressa o posicionamento da mulher nas sociedades tribais, aparecendo como sustentáculo da vida social e agente estruturador das relações sociais tribais. Nota-se várias funções e posicionamentos que assume a mulher tomando base conceitos sócio culturais vigentes e relações materiais.
No período feudal os interesses de carismas pessoais, relacionamentos afetivos entre homem e mulher não eram considerados, já que o ato de casar-se estava mais ligado à estrutura das relações de interesses sociais que a afeição amorosa. Nesse momento a sociedade se vê envolvida em uma estrutura de direcionamentos morais, regidos e expressos às vontades familiares, portanto, nesse momento a união matrimonial é processada sob o jugo dos interesses familiares, o que revela a condição de troca da mulher objeto dentro da estrutura social feudal. Nota-se como se vêem a mulher condicionada às intenções expressas sócio materiais, no entanto o que não emudece a voz originada no silêncio da repressão. Processos de repressão representados na marginalização das mulheres ao longo da história levantam um significado de apatia, submissão por parte do gênero feminino nos entre meios da compreensão histórica. Dentro da interpretação historiográfica, a nova forma de dar visibilidade a mulher, foi possível a partir nas novas estruturações da escola dos annales e os novos direcionamentos que essa dá à historiografia. Fernando Torres-Londoño em a outra família escreve sobre a concepção do concubinato a nível social religioso. A representatividade no que deixa subentendido, na primeira passagem de seus escritos, representa o ato de concubinagem como um ato de resistência a condição de “inferioridade” quanto a moral vigente. Segundo Torres-Londoño o ato de concubinagem é uma expressão de união entre um indivíduo, o homem, com uma mulher dita como desprovida de moral e status social. Dentro de uma condição de repressão forçado pelos meios morais institucionalizados. O ato de concubinagem se torna uma forma adquirir benefícios, e de sobrevivência ao meio que estão inseridas. Esses fatos apresentados denotam as atividades de resistência ao meio opressivo, expresso pela sociedade patriarcal e a alocação da mulher em meio à sociedade.
Leila Menzon Algrante em as honradas e as devotas: mulheres da colônia Mostra como a mulher é projetada socialmente segundo a honra que é o suporte judaico-cristão patriarcal de distribuição dos papéis sociais, e como essa honra é tida como discriminatória e através das morais ortodoxas cristãs vigentes. Originando uma estrutura de dogmas que regem a vida mulher segundo as disposições culturais. Muitas vezes essas disposições acabam assumindo a forma de lei, como as constituições de 1916, que reza a disposição da mulher na sociedade, impondo parâmetros e delimitando vagamente a autoridade masculina sobre a mulher. Por vezes essa autoridade masculina sobre a mulher avilta os direitos fundamentais e submete a esposa a torturas psicológicas e físicas validados nas entrelinhas dessa constituição. Jaime D’alta Villa compreende o processo de formação das leis como uma composição histórica cultural afirmada legalmente, dentro dessa percepção nota-se a amplitude dos direitos dos direitos do homem sobre a mulher, corroborado na forma de lei em 1916. Compreendendo o campo opressivo a qual está disposta a mulher, que a princípio se vê bombardeada pelas novas relações.

imigração italiana para o Brasil

Para entender o contexto que perpassa a imigração italiana para o Brasil, é preciso analisar processo histórico que desencadeou o fenômeno migratória italiano para o Brasil. É de essencial importância notar o impacto desse processo migratório já que esse se mostra imerso em condições distintas a qual esses imigrantes se submetiam e eram submetidos. Para que se entenda a magnitude desse processo é importante perceber que dois milhões de italianos foram aliciados pelo processo migratório para o Brasil.
Através da ótica marxista é possível entender como o fenômeno migratório italiano para o Brasil é formado a partir das condições econômicas do mercado internacional. No que corresponde as características econômicas e políticas italianas no período da segunda metade do século XIX não havia ainda um estado italiano formado, a região onde hoje se configura estado italiano era dividida por vários principados com seus próprios sistemas monetários, e fechados dentro de suas características ao capitalismo crescente em quase toda a Europa. Com o advento da unificação italiana em um estado com um único sistema monetário, e a abertura de suas fronteiras a nova dinâmica capitalista industrial em expansão na Europa, impossibilitou o antigo regime vida a qual a população quase que exclusivamente rural estava submetida. A impossibilidade do antigo regime de vida permanecer frente as novas características trazidas pela nova dinâmica econômica desencadeou uma onda de desempregados e esfarrapados vitimas da nova dinâmica econômica que alterou drasticamente as condições econômicas e sociais dentro do estado Italiano. A condição de miséria que em que vivia boa parte da população se somava a fragilidade do novo estado italiano que tinha o processo migratório como uma possibilidade de amenizar as tensões provocadas pelo excesso de desempregados e revoltosos.
Por outro lado o Brasil se encontra no final do processo de abolição da escravatura e passagem para o regime assalariado. A necessidade crescente de mão de obra no Brasil se juntava a república nascente e carente de formação étnica de características européias. Interesses distintos configuraram a imigração italiana para o Brasil. Para esses imigrantes, agora “expulsos” de suas terras pela nova necessidade do mercado internacional, e atraídos, pelas fantasiosas histórias que eram divulgadas sobre o Brasil, restava a esperança da construção de uma nova vida e um lugar desconhecido. O céu a que o imigrantes se apegaram com sua esperança, desapareceu frente a dura realidade encontrada em terras brasileiras.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

patriarcalismo e imigração italiana

O patriarcalismo é uma estrutura de relações sociais e materiais, sistematizada dentro da formação familiar. A família é uma invenção humana, baseada nas necessidades de sobrevivência, forjada através de relações familiares. As diferentes formas de organização familiar foram traçadas através do processo social desenvolvidos historicamente. Segundo Engels, no início da história da humanidade as sociedades eram coletoras, tribais, nômades e matrilineares. Nessas sociedades não eram definidos papéis sociais, tanto quanto, não havia existência da monogamia. Com o advento da sedentarização, o homem começou a ficar responsável pela caça e as mulheres o cultivo. Através do surgimento da sociedade privada ouve a necessidade de se transmitir hereditariamente as posses, assim os relacionamentos passaram a ser predominantemente monogâmicos. Houve então o controle da sexualidade e a divisão dos papéis sociais entre homens e mulheres. Instaura-se assim o patriarcado uma ordem centrada na descendência patrilinear (patriarcalismo), pautado no controle dos homens sobre as mulheres.
Só recentemente a historiografia têm utilizado a mulher como objeto de estudo. Identificado por suas relações com o meio de forma específica, sendo alterada sendo alterada após a exposição da mulher à vida pública. Possibilitado por suas relações materiais e novas relações sociais surgidas, dentro da nova dinâmica do modo de produção capitalista, a mulher ganha poder representação. O meio e função da mulher operária absorvidas pelas fábricas adquirem representatividade no meio através de suas novas relações.
O meio e a função da mulher socialmente é plural, observa-se relações diferentes quanto a mulher no meio social, divergente observando as especificidades no meio rural e no meio urbano. Esses universos diferentes exercem influências distintas sobre os agentes históricos. Observar e entender a mulher imigrante representa a procura e a interpretação da manutenção cultural, tradicional e estruturação familiar e privada em novos meios de relação social e material.
Pode-se usar a ótica do marxista do materialismo histórico para interpretar o movimento migratório e as relações materiais dos gêneros com o meio. Dentro do movimento migratório principalmente o italiano para o Brasil em específico para o estado Espírito Santo. Entender como se processa as novas relações surgidas em um novo meio passa pelos meios de relações materiais que a mulher desempenha dentro do meio. Perry Anderson em a passagem da antiguidade ao feudalismo demonstra como ouve a alteração no meio social quando o modo de produção toma novas vertentes.
Nessa interpretação possibilita entender como a dinâmica capitalista promoveu a realocação da mulher em meio à sociedade, atribuindo novos papéis e relações com o meio material. Dentro do processo migratório para o Brasil a mulher a mulher italiana é tragada pelas necessidades, e pela propaganda do processo migratório. No que toca o processo migratório para o Espírito Santo, o momento de maior volume de entrada dos imigrantes é o que toca o processo da unificação italiana. Na segunda metade do séc.XIX a unificação italiana possibilitou a um mudança de relações com o meio material possibilitado pela entrada em mudança do modo de produção capitalista. Essa mudança de dinâmica alterou o modo de vida de seus habitantes, já que boa parte dela era formada por pequenos produtores rurais. Não havendo mais a possibilidade de subsistência de pequenos proprietários nesse meio. A insustentabilidade promovia com que uma grande massa de desempregados vagasse sem rumo, em busca de alguma forma de sobrevivência. Além das dificuldades também surgidas do meio, as propagandas fantasiosas sobre a América aliciavam uma grande quantidade de imigrantes. Desde o início das grandes navegações, o imaginário europeu sobre a América vagava sobre a idéia de um lugar onde tudo se multiplicava largamente. No fim do séc. XIX esse imaginário surge como a esperança a um contingente italiano que definhava nas dificuldades políticas, econômicas.

“[...] esse mundo imaginário de um Brasil afável, gentil, onde tudo se multiplica à larga, permeou parte do campo europeu no século XIX. Algumas máximas foram nessas canções, como a de uma natureza luxuriante e benfazeja, da qual seria possível extrair alimentos à vontade, a dicotomia entre ricos e pobres e, finalmente, a idéia de que seria fácil enriquecer. É evidente que tais canções não eram nada mais que do modo como viam homens e mulheres que a entoavam. É também claro que durante o período migratório os agenciadores de mão-de-obra promoveram a multiplicação dessas imagens, mas não foram seus criadores. O ideário de abundância dos trópicos introduzidos na Europa pelos numerosos relatos de descobridores e viajantes a partir do século XVI fizera escola.”(ALVIM, Zuleika, 1998,p.219)

Alvim expressa sobre a fantasia que se estruturou através no imaginário europeu, e a multiplicação dessas imagens como forma de aliciar imigrantes às colônias. O processo migratório foi especialmente doloroso quanto às condições em que homens, mulheres e crianças se encontravam. Quanto à mulher o impacto inicial é quanto a falta de privacidade em que se encontravam, no processo de transição da Itália para o Brasil, onde há um choque entre o mundo privado da mulher e as condições do processo migratório.
Amontoados no navio geralmente viajando em família os passageiros imigrantes estavam expostos à falta de privacidades e higiene em uma viagem que durava em torno de um mês. Quanto às famílias que aportaram no estado do Espírito Santo o problema era ainda maior. Nesse período a província não tinha estrutura para receber imigrantes. Ao portar em terras brasileiras segundo Renzzo Grosselli não possuíam local adequado para de estalarem até serem direcionados a colônia. Ficavam em barracões onde amontoadas e sujeitos as epidemias, que em muitas vezes acabava ceifando muitas vidas, mesmo antes desses chegarem às colônias. Especialmente para as mulheres se tornava doloroso o processo esse momento de transição. A quebra de rotina, a nova adaptação ao meio, todos esses fatores pesam para que as mulheres nesses períodos se relacionem e tenham que se adaptar nesse meio, mesmo com a atitude repressiva da condição patriarcal no meio colonial.